Disque Denúncia


WhatsApp em um ano



Informações ajudaram a planejar ações no Complexo do Caramujo e do Viradouro, em Santa Rosa.
30/01/2015
 WhatsApp em um ano

Mais de três mil informações que resultaram na prisão de 35 suspeitos em todo o estado e formaram um banco de dados para auxiliar na estratégia de operações da Polícia Militar em áreas conflagradas de Niterói, como os conjuntos de favelas do Complexo do Caramujo e do Viradouro, em Santa Rosa. O balanço é do funcionamento do aplicativo WhatsApp do Disque-Denúncia, que completa um ano nesta segunda-feira. Pelo canal de comunicação instantânea para celular, os operadores receberam, referente a Niterói e São Gonçalo, sobretudo a localização de foragidos e de pontos de drogas.

Para o tenente-coronel Gilson Chagas, comandante do 12º BPM (Niterói), as denúncias dos moradores são parte essencial do sucesso das ações realizadas na região:

— Quando vamos fazer uma operação, nós nos baseamos nas informações que o Disque-Denúncia nos mandam com frequência. E o WhatsApp é uma excelente fonte, mais um canal de comunicação com a PM e o batalhão da área.

Nos últimos meses, o Complexo do Caramujo se tornou uma das principais preocupações do poder público. O prefeito Rodrigo Neves já disse ao GLOBO-Niterói que a área é a mais perigosa da cidade e que merecia uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Do outro lado da cidade, em Santa Rosa, moradores não se cansam de denunciar nas redes sociais a rotina de tiroteios.

De acordo com dados do Disque-Denúncia, a central de informações da Secretaria estadual de Segurança recebeu, em 2014, 374 denúncias sobre o Complexo do Caramujo. Este ano, até a última quinta-feira, foram cadastradas 14 queixas, incluindo todos os canais de denúncia, não só o WhatApp. Os números de Santa Rosa são, respectivamente, 356 e 18 queixas.

Já o Instituto de Segurança Pública registrou, somente em novembro (boletim mais recente), 610 ocorrências na 78ª DP (Fonseca), que abrange o Caramujo. Na 77ª DP (Icaraí), que cobre Santa Rosa, foram 462 registros, a maior parte roubos e furtos.

Um dos casos mais emblemáticos de operação bem-sucedida realizada a partir de informações do WhatsApp foi a prisão do traficante Adailton Alexandre Tavares, o Siminiano, detido pelo Batalhão de Vias Especiais (BPVR), em maio de 2014. De acordo com o Disque-Denúncia, foram enviadas, através do aplicativo, fotos do local de esconderijo. 

— Dois dias antes da prisão começamos a receber informações sobre um baile funk patrocinado por ele. Havia uma recompensa de R$ 1 mil para informações que ajudassem na sua captura — conta Zeca Borges, coordenador-geral do Disque-Denúncia.

Siminiano foi preso dentro de um carro após perseguição policial na RJ-104 (Rodovia Amaral Peixoto), depois que os policiais do BPVE perceberam o traficante e outro homem estavam percorrendo a rodovia de forma suspeita dentro de um carro branco. Os oficiais interceptaram o veículo na altura do Hospital Azevedo Lima, no Fonseca, e reconheceram Siminiano, que estava na lista de procurados pelo Disque-Denúncia por comandar o tráfico da favela das Palmeiras, em São Gonçalo; e Favela da Coreia, em Niterói.

A colaboração dos moradores através do celular também foi crucial para a localização de pontos de venda de drogas, localização de foragidos, e até para a interceptação de crimes como soltura de balões e uso de redes de pesca irregular.

Além das mensagens em texto, moradores colaboram enviando para o canal vídeos e fotos de traficantes e milicianos, que são repassadas para Inteligência da Secretaria de Segurança Pública, entre outras informações.

OUTROS CANAIS DE COMUNICAÇÃO

Na avaliação de Zeca Borges, o primeiro ano do canal de mensagens foi produtivo e além das expectativas:

— Tivemos um ano muito produtivo. O que começou como uma pequena experiência, acabou se mostrando um canal bem movimentado. O WhatsApp é pontual, não tem a mesma natureza das ligações, mas é certeiro. Podemos preparar projetos especiais para a polícia, resultando em ótimos resultados.

Borges lembra que, logo que recebidas e registradas como denúncias, as mensagens são apagadas imediatamente, mantendo o anonimato do informante. 

Para este ano, o plano do Disque-Denúncia é continuar a investir em canais de comunicação com a população. Zeca Borges dá como exemplo de ferramentas a conta no Twitter, @DDalertaRio, que utiliza as hastags #HelpNikity e #HelpSG para receber informações da região de Niterói e São Gonçalo.

— Pelo Twitter, recebemos denúncias que vão desde ladrões de fios de cobre a crimes pesados, como tráfico de drogas — conta.

O número do WhastApp do Disque-Denúncia é 96802-1650. O da central telefônica é 2253-1177.
 

POR LEANDRA LIMA
FOTO: Eduardo Naddar / Agência O Globo